Certamente já ouviu falar na síndrome da página em branco. Não se trata de uma doença, mas da incapacidade temporária de conseguir escrever. Mesmo os redactores mais experientes têm períodos em que a escrita não flui com tanta facilidade, como se algo no cérebro bloqueasse a saída das palavras. O bloqueio criativo não acontece apenas quando estamos a iniciar um texto, mas também durante o seu desenvolvimento.
Esta condição é particularmente preocupante quando o prazo para entregar o texto é curto. Não conseguir escrever quando o tempo continua a contar é bastante stressante.
Os jornalistas enfrentam muitas vezes estas situações quando têm de escrever os seus artigos com o deadline (hora de fecho da edição) próximo. Enviar a edição de um jornal/revista para a gráfica depois da hora estipulada tem custos financeiros para a empresa jornalística e pode atrasar a distribuição.
Não há uma fórmula mágica para evitar o bloqueio criativo, mas existem alguns truques que poderão ajudar a minimizar o seu impacto. Confira oito forma de ultrapassá-lo.
Por vezes, o bloqueio criativo ocorre porque estamos intelectual e/ou fisicamente exaustos. O cansaço é um inimigo da criatividade porque nos consome as energias.
Se não está a conseguir escrever, faça uma pausa, descanse ou ocupe-se com outra actividade que nada tenha que ver com a escrita (dê um passeio, medite, oiça música, telefone a um amigo, etc.). Quando retomar o texto, as ideias surgirão mais facilmente.
Um bom escritor é também um bom leitor. Se não tem o hábito de ler jornais, revistas ou livros, comece a fazê-lo, nem que sejam cinco minutos por dia. Aos poucos, irá ganhando o gosto pela leitura e aumentando o tempo dedicado a esta actividade. Não leia apenas textos relacionados com a sua área.
Quanto mais diversificados forem os temas, melhor. A leitura permite conhecer diferentes estilos de escrita e enriquecer o vocabulário, além de estimular a imaginação.
Parece um contra-senso, mas não é. Quanto mais escrevermos, menos probabilidades há de termos bloqueios criativos. Na escrita, como em qualquer outra actividade, a prática aguça o engenho. Ou, como diz um outro ditado popular, o hábito faz o monge.
Podem ser pensamentos avulsos, um diário, anotações de excertos de um livro ou de um artigo de revista/jornal, uma frase ou conversa que tenha ouvido no café ou nos transportes públicos. O importante é manter alguma regularidade na escrita.
O bloco de notas – que dá título a este blogue – é uma das ferramentas de trabalho dos jornalistas. Ter um bloco de notas – físico ou digital – à mão é de grande utilidade para anotar ideias que possam surgir de repente ou que encontre em livros, jornais, revistas, blogues, etc. Mais tarde, podem servir de inspiração durante a escrita dos seus textos.
Cuidado, no entanto, com o plágio. Se quiser utilizar o partes de um livro, jornal, revista, blogue, etc., não esqueça de citar a fonte, ou seja, a origem da informação.
A ciência já demonstrou que a saúde do nosso cérebro beneficia, e muito, com a escrita à mão, uma actividade que se tem vindo a perder, devido ao uso crescente de computadores, telemóveis, tablets, etc. Mesmo nas escolas, as crianças começam a utilizar estes equipamentos cada vez mais cedo.
Escrever à mão estimula, por exemplo, a memória e a criatividade. Ao escrever à mão, não tem qualquer corrector ortográfico automático para corrigir eventuais erros, pelo que a sua atenção e o conhecimento da língua têm de ser maiores.
Se não souber escrever determinada palavra, terá de recorrer a um dicionário para não errar. Por tudo isto, opte por escrever à mão.
Há escritores que estabelecem um horário de trabalho diário; outros, aproveitam os momentos em que a inspiração está no seu auge. Descubra qual o método que melhor se adapta a si.
No meu caso, sei que a minha mente está mais criativa ao final do dia e durante a noite. Por isso reservo esse período para a escrita sempre que posso.
Conheço quem, ainda antes de começar a escrever o texto, saiba já sobre o que vai falar no início, no meio e no fim. Eu não sou uma dessas pessoas. Durante a escrita do livro Grandes Mistérios da História de Portugal, publicado em Julho de 2019, alterei diversas vezes a organização interna de cada capítulo, e não há mal algum nisso.
Há quem não consiga começar a escrever o corpo do texto antes de ter o título definido e quem prefira deixá-lo para o fim. Cada pessoa tem a sua própria forma de ir estruturando o texto. Não se preocupe, por isso, em escrever a versão final do princípio ao fim.
Manter as notificações do e-mail e das redes sociais desligadas é uma forma eficaz de não se desconcentrar quando está a escrever. Se puder, mantenha também o telemóvel no silêncio.
Por vezes acontece perdermos o fio condutor do que estávamos a escrever quando somos interrompidos. Reduzir essa probabilidade diminui a possibilidade de um bloqueio criativo.